Xenotransplantes

Definição, evolução e controvérsia ligada aos transplantes realizados entre espécies, abrangendo os problemas clínicos e éticos da operação.

Biomedicina nos Media

A Medicina é, hoje em dia, um dos temas mais mediáticos, seja no que toca ao surgimento de notícias ou no sensacionalismo em que se traduzem Filmes e Séries de televisão.

Biodiversidade

É graças à diversidade natural que nos rodeia que o ser humano foi capaz de descobrir, desenvolver e aperfeiçoar técnicas de medicina cada vez mais eficientes e acessíveis.

Medicamentos

Comprimidos, antibióticos, xaropes, cápsulas, tudo o que se possa imaginar que é usado no quotidiano para combater doenças tem origem na vida e na variedade da natureza que nos rodeia.

Plantas e Medicina

O começo do uso da biodiversidade na medicina surgiu com a utilização de plantas desde cedo por parte dos seres humanos, que ao longo dos tempos aprendeu a distinguir as suas propriedades.

Investigadora portuguesa apoia xenotransplantes



O homem poderá um dia fazer uma vida normal com um coração ou um fígado "doado" por um porco ou um chimpanzé, mas até lá "há muito trabalho a fazer" para garantir a segurança do xenotransplante. A ideia foi defendida, sexta-feira, em Viana do Castelo, por Margarida Correia Neves, professora da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho e investigadora de Imunologia no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde, durante um jogo-debate sobre xenotransplante, ou seja, transplante de órgão de animais para seres humanos. Segundo aquela investigadora, actualmente "já se faz em qualquer lado" o transplante para pessoas de pequenas partes de órgãos de animais, como válvulas cardíacas ou vasos sanguíneos, sobretudo do porco mas também, em alguns casos, da vaca.

No entanto, ainda não se conseguiu o transplante, com êxito, de um órgão inteiro, apesar de alguns ensaios já efectuados. "Num dos casos, o receptor aceitou o fígado de um primata, a cirurgia correu bem, mas a pessoa acabou por morrer de infecções", referiu Margarida Neves. O problema, explicou, é que para se fazer um xenotransplante "é necessário reduzir muito a resposta imunitária" do receptor, que assim fica muito mais vulnerável e mais sujeito a contrair infecções. "Há muito trabalho ainda a fazer para se conseguir efectuar um xenotransplante com segurança", frisou.

Disse que, sobre este assunto, há as mais díspares teses, havendo alguns investigadores que são "extremamente optimistas" e que acreditam que será possível fazer um xenotransplante brevemente, enquanto que outros garantem que ainda haverá 20 ou 30 anos pela frente "até lá chegar". O xenotransplante poderá dar uma ajuda no combate às listas de espera, mas Margarida Correia Neves acredita que as pessoas só o usarão em último recurso, até porque hoje em dia há cada vez mais "correcções artificiais" em materiais sintéticos, nomeadamente corações. "Se perguntar a uma pessoa se prefere o coração de um porco ou um coração artificial em material sintético, a resposta parece óbvia. As pessoas têm medo do xenotransplante e com razão, porque é menos seguro e exige uma redução muito maior da resposta imunitária", referiu. "Há vários vírus que entraram na população humana que vêm dos animais, como é claramente o caso do vírus da ébola. O próprio vírus da Sida é muito discutível se veio ou não dos animais", lembrou.

Reconheceu ainda haver uma "relutância natural" das pessoas em receber órgãos de animais, da mesma forma que há 30 anos "a fertilização 'in vitro' era vista como uma coisa horrorosa, a gente achava que ia nascer um Frankenstein. Hoje em dia, conhece alguém que ainda tenha medo?", questionou. Por isso, defendeu que as investigações na área do xenotransplante devem prosseguir e manifestou-se convicta de que a ciência acabará por encontrar cada vez melhores resposta, a exemplo do que aconteceu com os avanços no tratamento do cancro da mama e da SIDA.

Margarida Correia Neves não fugiu às questões de ética animal que o xenotransplante poderá levantar, mas criticou aqueles que por um lado acham que não se deve usar para investigações que podem salvar uma vida, e por outro comem ovos ou carne de produção industrial. "A questão é saber se o homem é ou não um ser superior e tem ou não direito a usar animais. Se aceitarmos que tem, acho muito mais nobre usar animais para investigação, para conseguir vacinas novas, medicamentos novos, órgãos novos e salvar uma vida, do que usá-los para produção industrial de carne, que não é essencial à vida", rematou.


Texto adaptado da Agência LUSA

Hematófagos ajudam na recolha de amostras sanguíneas


Novamente, apresentamos um artigo que evidencia as relações entre a biodiversidade, que têm impactes positivos no ser humano ou noutros seres. Desta feita, é o uso de hematófagos, seres que se alimentam do sangue de animais, tendo a vista a recolha de sangue, por exemplo. O uso de sanguessugas para recuperar tecidos orgânicos ou a circulação em vias sanguíneas constrictas já era conhecido, mas recentemente tem sido utilizado um específico tipo de insecto, que funciona tal e qual uma seringa, sendo que o seu modo de funcionamento é mais discreto, já que enzimas libertadas durante a mordida, actuam como analgésico, permitindo que a dor sentida pelo ser em causa seja diminuta. Esta medida tem sido implementada, nomeadamente, em zoos, onde a recolha convencional de sangue dos animais é considerado um procedimento complicado.

Using animals to assist with human medical procedures is nothing new. Leeches can help heal skin grafts by restoring circulation in blocked veins and removing pooled blood under new grafts. Maggots will clean a wound by eating only the dead tissue, thereby aiding in preventing infection. Now, an insect commonly known as the kissing bug is being put to work in zoos in Germany and England as a living syringe.

Collecting blood samples from zoo animals can prove to be a difficult task, often requiring sedation. Small animals are especially tricky because finding a vein from which to draw blood can be nearly impossible. The kissing bug solves those problems—it's any one of 130 species of small, blood-sucking insects belonging to the sub-family Triatominae. Like most blood-suckers, the kissing bug releases a painreducing enzyme when it bites, effectively anesthetizing the area at the same time as the bite. The bug is at the center of a pilot project in two zoos in the UK under the umbrella of a study which originated in Germany. The insects are bred in a sterile lab, then put against an animal's hide under a container in which they are caught when they have finished feeding. They are ultimately killed to collect the blood samples. The technique is so far proving to be a welcome non-invasive alternative.

Texto retirado de BBC.com

Pulmões de porcos geneticamente modificados abrem lugar a xenotransplantes

Sendo a falta de órgãos viáveis um dos grande problemas da Medicina actual, a possibilidade de criação de novos pulmões, compatíveis com o organismo humano, é encarada como extremamente positiva. Embora o porco seja anatomicamente similar ao ser humano, o modo de funcionamento dos seus órgãos difere em alguns aspectos, o que implica a não compatibilidade dos mesmo, nomeadamente a nível pulmonar. No entanto, investigadores australianos parecem ter conseguido contrariar esse obstáculo imposto pelas leis naturais ao recriar, em ambiente laboratorial, o processo de oxigenação sanguínea que ocorre nos humanos em pulmões de porcos geneticamente modificados. Em baixo, poderemos ver uma parte do artigo que nos elucidará melhor acerca de tal procedimento.

With the world facing an organ shortage so serious that the majority of potential transplant recipients die while on waiting lists, doctors have looked to similarly sized animal organs as a potential alternative to human donations. Unfortunately, the human body swiftly rejects animal organs. Animal lungs have proven especially problematic, as they stop functioning as soon as they com in contact with human blood.

Now, researchers at Alfred Hospital in Melbourne, Australia, have used genetically modified pig lungs to successfully pump human blood. Since pig organs are essentially the same size and shape as human organs, this advance could drastically increase the number of lungs available for transplant.

The lungs themselves were created at St. Vincent's Hospital, also in Melbourne. There, doctors removed DNA, known as the Gal gene, known to hinder inter-species compatibility. At Alfred Hospital, the doctors hooked the lungs up to artificial breathing machines, and watched as deoxygenated human blood pumped through the pig lungs, and came out oxygen rich on the other end.

However, even though this advance represents a series leap forward, the scientists themselves to expect to begin clinical trials of the new technique for at least another five to ten years.


Texto retirado de AFP

Ética nos transplantes entre animal-ser humano discutida pela Academia Britânica

A manipulação genética, tendo em vista o benefício do ser humano, levanta várias questões éticas que ainda esperam resposta definitiva, embora seja amplamente reconhecido que esta assunto nunca será consensual.

When former President Bush mentioned human-animal hybrids during a State of the Union speech in 2006, most of the audience probably sat scratching their heads for a second. However, in the years since then, transplanting human genes into animals, whether to make better milk or study human diseases, has become a bigger and bigger issue.

Now, a year after English scientists implanted human stem cells into bovine egg cells, Britain's Academy of Medical Sciences has launched a study to determine the ethics of creating human/animal hybrids. The study hopes to mark out the boundary past which genetic mixing becomes unethical. Over the next year, the study will investigate what percentage of DNA constitutes a human, as well as looking at other issues like the creation of human stem cells from animal eggs and the implantation of human cells into animal bodies.

While most people support implanting a single gene for a human disease into a primate for the sake of research, the level of unease rises as the genome becomes more and more mixed. Certainly, with the technology available to create a 50/50 split hybrid, this field calls into question how we define ourselves in particular, and species at large.

Texto retirado de Reuters

Peixes-médicos


Na Turquia foi criada uma piscina ao ar livre com peixes que se alimentam da pele de doentes com psoríase. O peixe consome apenas a pele morta ou afectada pela doença, deixando a pele saudável crescer normalmente. Ainda que este tratamento não cure a doença, apenas aliviando temporariamente os sintomas, os doentes repetem periodicamente os tratamentos. Registaram-se casos de cura completa da psoríase após alguns tratamentos, mas devido à natureza imprevisível da doença, fortemente influenciada por factores endógenos, a cura pode surgir, mas não é provável.

A espécie tem habitat nas bacias dos rios das áreas setentrionais e centrais do Médio Oriente, nomeadamente os rios Jordão, Orontes, Tigre e Eufrates. Também em rios e lagoas da Turquia e norte da Síria. A sua exploração comercial é protegida por lei na Turquia, devido a recear-se uma captura excessiva para exportação. Os Garra rufa podem ser criados num aquário doméstico; ainda que não seja um peixe para principiantes, é bastante robusto. Para tratamento de doenças de pele, as espécimes de aquário não serão as mais adequadas, pois o seu comportamento de se alimentarem de pele manifesta-se apenas em condições de alimentação escassa e irregular.

Implante de células animais em humanos é aprovado pela primeira vez


Pela primeira vez, um xenotransplante foi aprovado: o implante de células animais para o corpo humano. Autoridades russas consentiram o tratamento no país, realizado em pacientes de diabetes tipo 1.

A diabetes tipo 1 ocorre quando as células produtoras de insulina do pâncreas são destruídas. Sendo assim, as pessoas que sofrem da condição têm que injectar insulina em sua corrente sanguínea para regular seus níveis de glicose. Isso pode causar oscilações de açúcar no sangue, que por sua vez podem levar a outras complicações. O xenotransplante russo envolve a inserção de células produtoras de insulina de porcos, revestidas com uma capa protectora, no pâncreas humano, a fim de substituir as células nativas esgotadas lá.

O tratamento reduz a necessidade de injecções de insulina. A camada protetora de algas marinhas evita que o sistema imunológico do paciente ataque as células animais “estrangeiras”. Apesar de ser aprovado na Rússia, o tratamento foi desenvolvido pela Living Cell Technologies, na Nova Zelândia. Nos testes realizados até agora, o tratamento se saiu razoavelmente bem. Seis dos oito pacientes diabéticos apresentaram melhora e foram capazes de reduzir as suas injeções diárias de insulina. Dois deles absolutamente não precisaram mais de injecções.

Porcos podem ser a salvação de diabéticos

A maioria das pessoas provavelmente vê os porcos, na melhor das hipóteses, como uma fonte de subsistência ou, na pior, como animais glutões. Mas parece que nossos amigos suínos podem também ser valiosos na luta contra o diabetes tipo 1. Pesquisadores estão realizando experiências com novas maneiras de colher células de ilhotas produtoras de insulina em porcos para transplantá-las em portadores do diabetes – na esperança de um dia reduzir a necessidade de doses diárias de insulina e até mesmo substituí-las por tratamentos com células de ilhotas duas vezes ao ano.

No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói as células de ilhotas produtoras de insulina no pâncreas. A empresa de biotecnologia MicroIslet Inc., em San Diego, Califórnia, está desenvolvendo um tratamento em que as ilhotas suínas produtoras de insulina são implantadas no peritônio (membrana fina que reveste a cavidade abdominal) de uma pessoa, a partir de um cateter externo, passando por um tubo inserido no estômago.

“Os transplantes de ilhotas humanas também podem funcionar, mas o método não representa uma oportunidade comercial, em razão do acesso limitado ao pâncreas [alguém precisa morrer para se obter as células],” afirma Keith Hoffman, membro da diretoria da MicroIslet. Essa escassez significa que “milhões de pessoas” não têm acesso aos transplantes de ilhotas que poderiam colocar a diabetes sob controle, ele acrescenta. No método de encapsulamento das células da MicroIslet (desenvolvido pela Duke University), as células de ilhotas suínas são isoladas do sistema imunológico humano com a ajuda de um escudo de alginato (um agente espessante derivado das algas marinhas), de modo que possam produzir insulina quando necessário sem serem destruídas por anticorpos humanos. Substâncias como a insulina, a glicose e o oxigênio são capazes de se passar livremente pelo alginato.


A MicroIslet não é a única companhia que está pesquisando um tratamento para o diabetes por meio de xenotransplante (transplante entre espécies) encapsulado. A empresa de biotecnologia australiana Living Cell Technologies, Ltd. está testando ilhotas suínas neonatais encapsuladas em gel de alginato, o DiabeCell, que também podem ser transplantadas para o tratamento de pacientes com diabetes que dependem de doses de insulina. O primeiro paciente do DiabeCell recebeu o implante em junho de 2007, e este ano a empresa planeja concluir seu ensaio clínico na Rússia. Já MicroIslet pretende levar adiante esse procedimento, melhorando a durabilidade das ilhotas microencapsuladas de modo que resistam à rápida deterioração (embora permitindo que se mantenham plenamente sensíveis), para com isso ampliar o intervalo entre os implantes. A MicroIslet adverte que, embora acredite que o xenotransplante possa ser uma solução terapêutica para milhões de diabéticos em todo o mundo, provavelmente não substituirá as injeções de insulina para todos os portadores da doença. O transplante pode não ser adequado para alguns diabéticos e outros talvez tenham que continuar a tomar as injecções (embora com menos frequência).

A insulina de porco é uma boa candidata para o xenotransplante em humanos, pois se diferencia da insulina humana em apenas um único aminoácido. Embora a Food and Drug Administration (FDA), órgão de controle de remédios e alimentos dos Estados Unidos, tenha aprovado os xenotransplantes de órgãos suínos, ainda não está claro por quanto tempo essas novas ilhotas conseguirão se manter funcionais no organismo humano, afirma Hoffman. “Se durarem de seis meses a um ano, seria possível fazer o tratamento nesses intervalos”, explica.
Artigo de Larry Greenemeier, adaptado por Scientific American

Chá Verde


O chá verde é rico em flavonóides - substâncias antioxidantes que ajudam a neutralizar os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento celular precoce. Os flavonóides evitam também que contraiamos vírus em geral. Por isso, quem tem o hábito de tomar chá verde não contrai gripe, herpes, além de diminuir a taxa de colesterol e melhorar o sistema imunológico.

Alguns trabalhos científicos evidenciam que pode prevenir cancro por causa dos flavonóides que evitam a mutação celular. O chá verde possui uma grande quantidade de tanino que, junto com potássio e manganês, podem proteger artérias e veias, agindo no sistema circulatório. Seu poder adstringente acelera o metabolismo e ajuda na queima de gorduras por causa da “catequina”, polifenóis e cafeína (teofilina). Esse processo adstringente evita também a formação de cáries e tártaro.

Perda de biodiversidade ameaça avanço da medicina



O mundo corre perigo de perder novos tratamentos médicos para câncer, osteoporose e outras doenças se não agir rapidamente para conservar a biodiversidade, disse um representante das Nações Unidas na quarta-feira, 23. Organismos do planeta Terra oferecem muitos produtos químicos naturais com os quais médicos podem desenvolver novos remédios - mas muitos desses organismos estão ameaçados de extinção, disse Achim Steiner, director executivo do programa ambiental da ONU (Pnuma).

"Nós temos que fazer algo a respeito do que está acontecendo com a biodiversidade", disse Steiner. "Nós devemos ajudar a sociedade a entender o quanto já dependemos da biodiversidade para fazer nossas economias funcionarem, nossas vidas, e, mais importante, o que nós estamos perdendo em termos de futuro potencial."

Steiner estava anunciando as conclusões de um novo livro médico, nos bastidores da conferência, realizada em Singapura, Empresas pelo Meio Ambiente. Cerca de 600 executivos e especialistas em meio ambiente fizeram parte da reunião de dois dias que acabou na quarta-feira, 23.

O livro Sustaining Life (Vida Sustentável, em tradução livre) é baseado no trabalho de mais de 100 especialistas e é financiado por diversas organizações, incluindo o Pnuma, disse Steiner. Seus principais autores são da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard.

"Por causa da ciência e da tecnologia, estamos em uma posição muito melhor para revelar o potencial da natureza, encontrado em tantas espécies", disse. "Ainda assim, em muitos casos, veremos que já o perdemos antes de termos conseguido usá-lo."

Ele mencionou o exemplo da rã descoberta nas florestas tropicais australianas nos anos 1980. A fêmea protege os filhotes em seu estômago. Estudos preliminares mostraram que os filhotes produziam substâncias para se protegerem das enzimas e ácidos digestivos da mãe - o que levou a novas ideias sobre como tratar as úlceras humanas, acrescentou. Entretanto, a rã foi extinta, segundo o livro.

Ano passado, a lista vermelha das espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, com base na Suíça, listou mais de 16 mil espécies.

Steiner disse que o livro olha para sete grupos de organismos ameaçados por valor médico potencial ou conhecido: anfíbios, ursos, caracóis, tubarões, primatas não-humanos, caranguejos e gimnospermas, um tipo de forma de vida vegetal.

Diversas drogas como a Taxol, amplamente usada no tratamento contra o câncer, foram isoladas nas gimnospermas. Os pesquisadores do livro acreditam que devam existir muitas outras possibilidades ainda.

Eles também acreditam que alguns ursos possam produzir uma substância que poderia evitar a osteoporose.
Retirado de Estadao.com.br

Xenotransplantes: conclusões


As divergências de opiniões tornam este assunto num conflito social em que o desejo de evolução científica choca com alguns pensamentos éticos. O xenotransplante é uma técnica que ainda se encontra pouco desenvolvida e como tal, tem um longo caminho a percorrer no mundo da investigação científica. Rodeia-se ainda de uma série de problemas:

  • Clínicos, rejeição por parte do hospedeiro dos órgãos ou tecidos do doador , que neste caso será um animal; aparecimento de doenças de origem não humana, em que o surgimento de vírus letais poderá ser catastrófico;
  • Éticos, em que se por um lado há quem veja o xenotransplante como meio para prolongar a vida e melhorar a qualidade da mesma, por outro há quem pense que o homem não tem qualquer direito de utilizar os animais em seu próprio benefício. Coloca-se também o problema do tipo de animal usado e do uso de espécies em vias de extinção.
  • Económicos, como uma técnica em desenvolvimento, implica grandes investimentos.

O xenotranspante necessita de uma grande concentração de forças, das quais se destacam as económicas e científicas. Será necessário muito tempo e estudo para a investigação e para o controlo clínico, como por exemplo: programas de vacinação, prazo de vigilância médica para os pacientes, suas famílias e equipas médicas que directamente estiveram envolvidas.

Só depois dos riscos associados com possíveis transmissões de doenças infecciosas e de difícil tratamento estarem devidamente controladas é que será ético começar a experimentação clínica em seres humanos. Quando isso acontecer, os xenotransplantes só deveriam ser aplicados em pacientes humanos quando os resultados sugerissem que esta operação teria hipóteses razoáveis de ser bem sucedida. Mas será de extrema importância que os doentes dêem o seu consentimento livre e sejam devidamente informados de todo o processo.



É de grande importância o aparecimento de precauções e leis para todo o processo que envolva a transplantação de órgãos de animais para humanos. Sendo assim, é necessário a criação de um corpo competente e conhecedor, que seja independente das equipas de investigação que trabalham com esta técnica. Um exemplo seria a criação de um conselho consultivo para o xenotransplante. Este deveria combinar o conhecimento científico e médico necessário para examinar todos os protocolos que se relacionassem com este assunto.

Além tudo aquilo que já foi mencionado anteriormente, existe ainda outro problema, que é a falta de informação ao público em geral, relativamente a possíveis preconceitos ou medos. Existe por isso uma grande responsabilidade dos investigadores, dos media e de todos aqueles que são responsáveis por informar a sociedade, em dar a conhecer correctamente o problema.

Por todos estas razões, será ainda muito cedo para vermos esta técnica como um meio de salvar as nossas vidas, mas com certeza algo a pensar no que diz respeito às gerações futuras.

Xenotransplantes: implicações éticas


Segunda opinião geral, todos os animais quer sejam racionais ou não, têm o direito de viver livres de dor, sofrimento e seguir os seus próprios interesses. Em Novembro de 1995, a imprensa Americana, lançou um inquérito sobre direito dos animais versus direitos do homem. Os resultados revelaram que, 67% da população era a favor de que o direito dos animais de viver livre de dor era tão importante como o direito do homem. Apenas 8% considerava que o homem tinha direito de usar os animais como cobaias cientificas, 29% eram a favor que esse direito não existia e 62% concordavam que o homem que o homem tinha esse direito em determinadas situações. Concluiu-se que as linhas de pensamento recaem em dois principais pontos:

  • Os animais tal como os seres humanos têm direitos e esses devem ser respeitados.
  • É aceitável o sacrifício dos animais, para propósitos médicos, se estes apresentarem um potencial benefício para os seres humanos.
Para alguns etologistas, verifica-se uma grande tendência para atribuir aos humanos um direito absoluto à vida em detrimento de outras criaturas atribuindo à espécie humana num elevado estatuto. Contudo, nós matamos animais para comer e usamos as suas peles e outros produtos para nossos benefícios. Então, também parece perfeitamente aceitável, usar o fígado de um porco para salvar uma vida humana.



Outra importante questão ética é em relação ao tipo de animal usado. O uso de primatas, como babuínos, é muito calorosamente discutido devido ao grau de semelhança entre os seres humanos e eles. Podemos assim pensar que o xenotransplante de órgãos e tecidos de primatas poderiam ser bem sucedidos, mas para além das causas mencionadas anteriormente, levanta-se também a questão se é ou não ético o uso de primatas em situações onde não seriam aceitáveis o uso de seres humanos.

A tendência actual é a utilização de porcos transgénicos como dadores pois é mais dificilmente aceitável sacrificar um primata, um animal mais parecido com o homem, do que utilizar um animal já tradicionalmente utilizado para satisfazer as necessidades humanas.

Se o xenotransplante se tornar bem sucedido abrirá oportunidades de vida prolongada a muitos pacientes com doenças terminais. Em contrapartida, um elevado número de animais teria que ser sacrificado. O impacto disto seria particularmente crucial se as espécies em questão, estivessem em perigo de extinção.

Xenotransplantes: controvérsia


Problemas Clínicos
Como mencionado anteriormente, os problemas clínicos partem essencialmente da rejeição de órgãos, tal como acontece com os alotransplantes. O homem tem anticorpos "próprios" que circulam no sangue, estes quando detectam a presença de corpos estranhos desencadeiam reacções no sentido de os eliminar, esta tem sido a grande causa de insucesso dos xenotransplantes. Mas não nos podemos esquecer do transplante das válvulas do porco para o homem que actualmente já é um sucesso.

Outro problema correntemente debatido recai sobre a possibilidade de risco do aparecimento de vírus próprios dos animais na espécie humana. Esta possibilidade de transmitir vírus letais convenceu muitos investigadores a abandonar o transplante de órgãos de primatas para humanos. A comunidade científica acredita que o vírus do HIV, uma catástrofe que actualmente afecta mais de 20 milhões de pessoas, teve origem nos símios, tendo sido transmitido à população humana. Mas as diferenças de opiniões entre virologistas aumentam quando se fala do uso de porcos livres de patogénicos específicos (SPF) pois enquanto alguns defendem que não existem riscos em utilizá-los, outros dizem que isso ainda não foi provado cientificamente.



Problemas Financeiros
Em 1994, nos Estados Unidos, gastaram-se aproximadamente três mil milhões em transplantes. Actualmente existem vários problemas em justificar o custo de transplantes de órgãos humanos. Com um crescente numero de pessoas aos quais lhes faltam os cuidados de saúde básicos, há quem acredite que gastar tanta energia e recursos financeiros para transplantar órgãos humanos não será justificável. Com os xenotransplantes os custos são ainda maiores e as taxas de sucesso são, actualmente, aproximadamente zero. Como é óbvio a taxa de insucesso deve-se ao facto de esta técnica ainda não estar completamente desenvolvida. Uma maior informação na prevenção e cuidados a ter com a saúde têm demonstrado ser a forma mais eficiente de gastar o dinheiro. Mas terá a vida humana um preço?

Actualmente, não se encontram disponíveis testes para detectar todas as doenças específicas dos babuínos, e vírus letais desconhecidos podem facilmente escapar aos programas de vacinação. O risco ainda poderá ser maior se um xenotransplante for bem sucedido, no sentido de o organismo humano não rejeitar o órgão transplantado, e o paciente viver uma vida “normal”, tornando-se um potencial veículo de transmissão de doenças de origem não humana. O prazo de quarentena seria necessário para os pacientes, suas famílias e equipas médicas. Da mesma forma, os animais usados para o transplante necessitariam de maior observação para o possível aparecimento de novos patogéneos. Todos estes factores implicariam elevados gastos financeiros.

Visco-Branco



(Viscum album L.)

O Visco-branco pertence a uma enorme família de cerca de 1400 espécies que vivem todas parasitariamente, podendo instalar-se em mais de uma centena de espécies de árvores, sobre cujos ramos formam volumosas manchas arredondadas que se conservam verdes durante todo o ano. A disseminação da planta é assegurada pelas aves, sobretudo pelos tordos e melros, que ingerem os seus frutos, deixando sobre os ramos onde pousam as sementes não digeridas. Estas germinam, produzem um haustório que penetra na casca e que, por sua vez, emite raízes que se introduzem na madeira. O carvalho é uma das árvores que, na maior parte dos casos, resiste ao visco; devido à sua raridade, o visco do carvalho era considerado sagrado pelas civilizações antigas, havendo conhecimento de um cerimonial de purificação indispensável entre os druidas para fazer a sua colheita. Desde então, o visco conservou um papel tradicional de portador de felicidade para os lares que ornamenta aquando das festas de fim de ano. O Visco-branco tem cheiro desagradável quando seco e possui um sabor amargo.

Propriedades: Antiespasmódico, diurético, hipotensor, purgativo.

Uso Tradicional: Albuminúria, arteriosclerose, circulação, edema, epilepsia, frieira, hipertensão, leucorreia, menopausa, nervos, tosse.

Tília



(Tilia cordata Mill.)

Árvore sagrada das antigas civilizações germânicas, dotada de uma longevidade pouco vulgar, a tília, como o carvalho, é uma árvore histórica e lendária. Para Siegfried, herói dos Nibelungos, desempenha o mesmo papel nefasto da mãe de Aquiles ao pousar a mão sobre o calcanhar de seu filho; efectivamente, Siegfried, tornado invulnerável por um banho de sangue, morreu de uma ferida entre as omoplatas, no local onde, no momento do banho, se fixara uma pequena folha de tília. Como o ulmeiro-campestre, a tília é uma imponente árvore venerada no centro das povoações e frequentemente plantada em renques nas áleas dos parques e jardins públicos. Até à II Guerra Mundial, a cidade de Berlim orgulhou-se da sua Unter den Linden (Sob as Tílias), uma magnífica alameda de cerca de 1Km de extensão flanqueada por filas destas árvores seculares. É uma das plantas mais solicitadas nas lojas de ervanários. É necessário trepar à árvore para colher as suas flores aromáticas, e seguidamente deixá-las secar à sombra. As flores da Tilia platyphyllos Scop., a tília de folhas grandes, têm utilizações idênticas. A tília produz um efeito calmante seja em casos de stress, insónias ou de nervosismo produzido por hipertensão.

Propriedades: antiespasmódico, colerético, emoliente, hipnótico, sedativo, sudorífico.

Uso Tradicional: acne rosácea, albuminúria, angústia, banho, cefaleias, convulsão, estômago, nervos, olhos, palpitações, pele, reumatismo, rugas, sardas, sono.

Xenotransplantes: evolução


O pensamento de combinar diferentes partes de diferentes espécies não é de todo novo. Há mais de 3.000 anos, lendas gregas já falavam de centauros - criaturas que eram metade homem e metade cavalo - e a quimera, uma combinação de leão, serpente e cabra.

Mas foi só no inicio do século 20, em 1905, que um cirurgião de origem francesa inseriu tecido de rim de coelho numa criança que sofria de problemas renais - "os resultados imediatos foram excelentes".- disse ele. Contudo a criança morreu duas semanas mais tarde. Durante as duas décadas seguintes vários médicos tentaram transplantar órgãos de diferentes animais, como por exemplo porcos, macacos e carneiros, em vários pacientes. Todas estas cirurgias falharam, por razões que ao longo do tempo a ciência foi construindo como se de um puzzle se tratasse.

Durante a década de 1960, médicos investigadores continuaram a investigar a razão pela qual o transplante entre diferentes espécies falhava tão rapidamente. Eles descobriram que a causa principal é o sistema imunitário dos receptores que rejeitava o tecido doado, ou seja, os anticorpos do receptor que reagem contra as infecções reagem também contra os órgãos ou tecidos transplantados. A rejeição do tecido estranho, a qual começa minutos ou algumas horas após a cirurgia, destrói os capilares dos órgãos transplantados, provocando hemorragias. Apesar disto representar uma barreira para os xenotransplantes, recentes descobertas indicam que os cientistas estão bem encaminhados para ultrapassá-la.



Em 1992 David J. G. White e alguns dos seus colegas da Universidades de Cambrigde envolveram-se na criação de porcos transgénicos, introduzindo nos embriões dos porcos um gene humano específico. Com isto tentaram que as respostas imunológicas ao transplante não fossem tão intensas. White e os seus colegas ainda não testaram como o tecido desses porcos se comportará no hospedeiro humano, mas já o fizeram nos macacos onde esses órgãos geneticamente modificados têm funcionado bem por um período de dois meses.

Outra maneira de evitar a rejeição, será alterar o sistema imunitário do receptor de forma a ele não poder destruir o tecido transplantado.

O processo de xenotransplante continua em constante desenvolvimento e ainda tem um longo caminho a percorrer até atingir resultados satisfatórios.

Pervinca

(Vinca minor L.)

A pervinca forma frequentemente nos bosques vastos tapetes perpetuamente verdes de onde surgem, a partir de Fevereiro, curtos ramos sustentando flores solitárias com corolas de um raro azul. É a flor dos feiticeiros e dos poetas e, na Idade Média, fazia parte da composição dos filtros de amor. A sua utilização em medicina é também muito antiga: Agricola, em 1539, aconselhava-a para o tratamento de anginas, e Mattioli, em 1554, para as hemorragias nasais. Durante muito tempo acreditou-se na sua eficácia para o tratamento de doenças pulmonares. Efectivamente, a pervinca é um óptimo tónico amargo, justificando-se o seu uso para tratamento de anemias vulgares, convalescenças difíceis ou falta de apetite. Modernamente, as investigações detectaram a acção de um alcalóide extraído da pervinca, a vincamina, que faz baixar a tensão arterial e dilata os vasos, pelo que foi imediatamente incluída no arsenal terapêutico. Além disso, certas substâncias extraídas de uma espécie exótica de Vinca demonstram actualmente grande utilidade na luta contra diversas formas de cancro.

Propriedades: Adstringente, anti-diabético, anti-lactagogo, hipotensor, vasodilatador, vulnerário.

Uso Tradicional: Anemia, enxaquecas, dificuldade de concentração, diabetes, hipertensão, vasodilatador e vulnerário.

Salva

(Salvia officinalis L.)

Segundo Saint-Simon, Luís XIV bebia todas as manhãs, ao levantar, duas chávenas de salva e verónica. A salva goza de enorme prestígio desde tempos imemoriais; a Escola de Salerno, que a denominou Salvia salvatrix, herdou-a de Santa Hildegarda, atribuindo-lhe este axioma exemplar: "Se existisse algum remédio contra o poder da morte, o homem não morreria no jardim onde cresce a salva." Todas as espécies de salva são extremamente aromáticas, e a officinalis é importante mesmo do ponto de vista culinário. O nome Salvia deriva do latim salus, saúde, alusão às propriedades curativas da planta. Tem variadíssimas aplicações domésticas: para aromatizar os alimentos, sanear os armários e proteger as roupas, preservar a beleza e tratar as indisposições. Crê-se que cura os ataques de melancolia e acalma as crises de asma. O cheiro e sabor aromáticos tornam-na muito agradável, mas não convém abusar. Com efeito, a essência de salva contém a mesma substância tóxica que a losna, não sendo o seu uso aconselhado aos temperamentos sanguíneos e hipertensos.

Propriedades: Antiespasmódico, anti-séptico, anti-sudorífico, carminativo.

Uso Tradicional: Depressão, nervos, astenia, asma.

Salsaparrilha

(Smilax aspera L.)

Existem cerca de 200 espécies do género Smilax difundidas pelas regiões quentes e húmidas do globo. Algumas delas são medicinais e fazem parte das plantas exóticas importadas. Na Europa, encontra-se esta espécie, cujo nome científico a qualifica como rude e áspera. A planta prefere o calor e geralmente prende-se às árvores e aos arbustos na região mediterrânica. Para mais facilmente identificar, é necessário examinar o seu caule anguloso e pungente, as folhas triangulares orladas de acúleos, as flores simples que subsistem até ao mês de Outubro e as bagas vermelhas com as dimensões de uma ervilha, muito semelhantes às da groselheira. Como os seus parentes exóticos, a salsaparrilha-bastarda possui propriedades depurativas, diuréticas e sudoríficas, porém em menor grau. No século XVI, Mattioli atribuiu-lhe uma acção anti-sifilítica que nunca foi confirmada. A raiz, branco-acinzentada, seca e moída é indicada para os asmáticos, que se sentirão confortados se a fumarem.

Propriedades: Depurativo, diurético, sudorífico.

Uso Tradicional: Esgotamento físico e psíquico, fadiga.

Ginkgo Biloba

(Ginkgo Biloba L.)

Esta espécie originária da Coreia, encontra-se aclimatada na França e na América do norte. Árvore muito bela, de folhas caducas em forma de leque bilobado (dicotiledóneo), de cor verde-clara, mudando no Outono para uma tonalidade amarela-dourada brilhante. Possui uma espécie de amentilhos pendentes que constituem os órgãos masculinos e flores femininas em cúpula. Estudos recentes comprovam a sua acção no aumento da irrigação dos tecidos, exercendo uma acção sobre as paredes dos vasos sanguíneos, diminuindo o risco de acidentes microcirculatórios, activando a oxigenação, a nutrição e o metabolismo energético celular.

Propriedades: aumento da irrigação dos tecidos, oxigenador celular.

Uso Tradicional: Problemas vasculares, arteriopatia, vertigens, cefaleias, enxaquecas, memória, zumbidos.

Camomila

(Matricaria chamomilla L. sin. Matricaria recutita L.)

De entre as diversas plantas vulgarmente designadas por macelas e camomilas, e como tal utilizadas em farmacopeia familiar, são possíveis inúmeras confusões. Estas confusões não têm geralmente consequências graves, se bem que a camomila vulgar seja mais activa que as suas afins, pelo que seria lamentável substituíla por outra. É fácil distingui-la devido a três características: as lígulas brancas dos capítulos curvam-se para baixo no final da floração; o receptáculo é cónico, oco e desprovido de brácteas entre as flores; as folhas são recortadas em finas lacínias. Muito divulgada em algumas regiões da Europa, é uma planta das searas, das bermas dos caminhos e dos terrenos baldios. Na Grécia, a camomila florescia abundantemente, distinguindo-se desde a Antiguidade pelo seu aroma peculiar. É curioso verificar que as descobertas empíricas de Dioscórides sobre a acção emenagoga desta pequena camomila foram confirmadas por trabalhos laboratoriais 19 séculos mais tarde. As pessoas nervosas são susceptíveis de, ao ingeri-la mesmo em doses pouco elevadas, sentir uma excitação generalizada e insónias.

Propriedades: Antálgico, anti-espasmódico, anti-inflamatório, anti-séptico, emenagogo, eupéptico, sedativo, tónico.

Uso Tradicional: Boca, cabelo, cefaleia, ferida, gripe, insolação, menstruação, nevralgia, pele.

Alteia

(Althaea officinalis L.)

A alteia é famosa pelas suas virtudes béquicas e emolientes. Assim, segundo algumas opiniões supera a malva nas suas virtudes. A designação de malvaísco sugere uma relação entre as duas plantas. Efectivamente, as utilizações medicinais da malva, que pertence também à família da Malváceas, são muito semelhantes às desta planta. Proveniente das estepes asiáticas muito antes da era cristã, a alteia aclimatou-se facilmente na Europa. Recenseada num dos capitulares de Carlos Magno, cultivada durante toda a Alta Idade Média, foi durante muito tempo aproveitada nos jardins dos mosteiros, de onde se evadiu, tornando-se numa planta espontânea. A malva-da-índia, Althaea rosea L., um dos parentes da alteia, é muito cultivada e conhecida; é a malva-real dos poetas, com folhas lavradas e grandes flores de cor intensa. As flores cor de tijolo-escura desta variedade podem substituir as flores da alteia; as raízes e as folhas não são utilizadas.

Propriedades: Béquica, calmante e emoliente.

Uso Tradicional: Abcesso, acne, afta, cistite, dentes, diarreia, gengivas, obstipação, olhos, pele, sono, tosse.

Alfazema

(Lavandula officinalis Chaix)

Os nomes botânicos Lavandula spica L. e Lavandula officinalis Chaix são sinónimos e indicam a mesma planta. A alfazema é uma das plantas mais raras e encantadoras da nossa flora. Perante a sua vitalidade, nas colinas calcárias é impossível deixar de admirar a sua resistência ao sol abrasador e à aridez da pedra. É preciso saber distingui-la do alecrim e do hissopo, além de outras plantas afins, muito susceptíveis de confusão. Nos Pirinéus, encontra-se uma variedade de alfazema mais pequena, com folhas mais estreitas e inflorescências maiores; nos terrenos siliciosos cresce a Lavandula stoechas L., o rosmaninho, com flores cor de púrpura e aroma activo; subindo mais a norte; mas não ultrapassando os 1000m de altitude, encontra-se a alfazema-brava, Lavandula latifolia, maior, com folhas verdes, cheiro a cânfora e que floresce um mês mais tarde do que as outras. As propriedades medicinais das alfazemas são, além da acção anti-séptica e insecticida, aproveitadas desde há séculos pelas donas de casa; as sumidades floridas, colhidas antes do desabrochar, constituem um dos mais preciosos componentes da farmácia caseira.

Propriedades: Anti-espasmódico, anti-séptico, cardiotónico, cicatrizante, colagogo, diurético, estimulante, insecticida, sudorífico.

Uso Tradicional: Acne, bronquite, leucorreia, nervosismo, reumatismo, tosse, vertigens.

Alecrim

(Rosmarinus officinalis L.)

Os atributos do alecrim são tão importantes como os da aspérula-odorífera; datam do século XVII e vêm da europa central. Diz-se que a rainha Isabel da Hungria, septuagenária e depauperada pela doença, recuperou a saúde e rejuvenesceu graças ao alecrim. A receita da água da juventude água da rainha da Hungria, que ela própria preparava, está ao alcance de toda a gente, pois para obter basta juntar e misturar os alcoolatos de alfazema, alecrim e poejo. Como muitas outras labiadas, o alecrim actua sobre o sistema nervoso, pois estimula os asténicos, fortalece as memórias enfraquecidas e eleva o moral dos deprimidos. A sua acção terapêutica inicia-se com a colheita, que pode ser efectuada em qualquer época do ano nas colinas meridionais. O estado espontâneo e a liberdade da planta conferem-lhe vigor, mantém-se bonito, conserva as suas características aromáticas, mas é menos eficaz que o alecrim espontâneo. As abelhas que o visitam produzem um excelente mel, de gosto intenso, denominado mel de alecrim.

Propriedades: Anti-espasmódico, anti-séptico, colagogo, diurético, estimulante, estomáquico, tónico e vulnerário.

Uso Tradicional: Asma, astenia, celulite, colesterol, convalescença, depressão, entorse, enxaqueca, memória, nervosismo, pele, rugas, sono, torcicolo.

Alcachofra

(Cynara scolymus sin. Cynara Cardunculus L.)

Planta próxima do cardo-do-coalho, Cynara scolymus, das regiões mediterrânicas, a alcachofra é uma mera variedade não espinhosa dessa planta, que provavelmente surgiu por mutação nas culturas nos inícios do século XV. Considerada durante muito tempo uma hortaliça rara, é hoje abundantemente cultivada nas regiões atlânticas com invernos suaves. A alcachofra era já apreciada como diurético e afrodisíaco no século XVI e considerada em certos meios no século XVIII como tratamento específico da icterícia. No entanto, a sua fama terapêutica deve-se essencialmente aos trabalhos de vários médicos no início do século XX, os quais demonstraram a sua importância nas afecções hepatobiliares. Na planta deve distinguir-se a flor, parte edível, constituída por um capítulo de grandes dimensões, do qual se consome em culinária o reáculo carnudoácteas, denominadas impropriamente folhas, e a folha larga e muito recortada, unida ao caule, que é a parte utilizada em medicina.
Propriedades: Antidiarreico, aperitivo, colagogo, colerético, depurativo, diurético, hipoglicemiante, tónico.

Uso Tradicional: Arteriosclerose, celulite, colesterol, diabetes, fígado, gota.

Xenotransplantes e Alotransplantes



Xenotransplante é a denominação dada ao transplante de orgãos entre diferentes espécies. A barreira que define a espécie vai até onde a reprodução é possível. Por exemplo, um cão e um porco não podem acasalar e dar origem, com sucesso, a descendentes. Como tal, eles pertencem a diferentes espécies. O transplante de um para o outro é denominado de xenotransplante. Ao transplante entre dois membros, embora geneticamente distintos, pertencentes à mesma espécie chama-se alotransplante. Nos humanos o alotransplante apresenta um papel clínico muito importante, principalmente envolvendo orgãos como rins, coração, medula ossea e figado. Os alotransplantes trouxeram benefícios significativos aos doentes quer pelo aumento da esperança de vida, quer pelo melhoramento da mesma. Na verdade, o sucesso foi tal que provocou um fosso entre a procura da transplantação e a escassez de orgãos e tecidos humanos. Então muitas iniciativas do tipo: campanhas publicitárias, implementação de protocolos nos hospitais, programas de formação para o público e profissionais foram implantadas com a intenção de diminuir esse fosso. Mas isto, não foi suficiente para aumentar o numero de doadores. Pois, à medida que o sucesso dos programas ia aumentando, maior era a procura. Nos Estados Unidos, em 1994, 18.720 transplantes foram realizados. Em 24 de Janeiro de 1996, a lista de espera para o transplante de orgãos continha 44.010 registos dos quais 31,051 deles era para o transplante de rins. Obviamente essa disponibilidade não existia havendo pouco mais do que 20.000 orgãos. Infelizmente, todos nós sabemos que a procura de transplantes está constantemente a aumentar, e a oferta a diminuir, sendo o período médio de espera por determinados orgãos de alguns anos. Assim, existe um grande interesse em descobrir caminhos alternativos para satisfazer a escassez de orgãos. Aparelhos mecânicos como corações a baterias fizeram grandes avanços nos últimos anos e é esperado que desenvolvam ainda mais no futuro. No entanto, estes aparelhos são propensos a problemas associados a altos riscos de infecção e coagulação de sangue, sendo também considerados incapazes de substituir alguns orgãos humanos como o fígado que tem funções bioquímicas complexas. As técnicas de engenharia de tecidos, onde células vivas são usadas para produzir orgãos e tecidos substitutos, são muito promissoras, mas encontram-se numa fase muito precoce de desenvolvimento. A pele pode hoje ser substituida por esses métodos, mas o desenvolvimento de válvulas de coração e de orgãos funcionais por bioengenharia, é algo muito longínquo. O xenotransplante é uma opção alternativa para reduzir a escassez de orgãos e tecidos humanos. Contudo o xenotransplante trouxe muitos problemas éticos, clínicos e legais.

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