Xenotransplantes

Definição, evolução e controvérsia ligada aos transplantes realizados entre espécies, abrangendo os problemas clínicos e éticos da operação.

Biomedicina nos Media

A Medicina é, hoje em dia, um dos temas mais mediáticos, seja no que toca ao surgimento de notícias ou no sensacionalismo em que se traduzem Filmes e Séries de televisão.

Biodiversidade

É graças à diversidade natural que nos rodeia que o ser humano foi capaz de descobrir, desenvolver e aperfeiçoar técnicas de medicina cada vez mais eficientes e acessíveis.

Medicamentos

Comprimidos, antibióticos, xaropes, cápsulas, tudo o que se possa imaginar que é usado no quotidiano para combater doenças tem origem na vida e na variedade da natureza que nos rodeia.

Plantas e Medicina

O começo do uso da biodiversidade na medicina surgiu com a utilização de plantas desde cedo por parte dos seres humanos, que ao longo dos tempos aprendeu a distinguir as suas propriedades.

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Investigadora portuguesa apoia xenotransplantes



O homem poderá um dia fazer uma vida normal com um coração ou um fígado "doado" por um porco ou um chimpanzé, mas até lá "há muito trabalho a fazer" para garantir a segurança do xenotransplante. A ideia foi defendida, sexta-feira, em Viana do Castelo, por Margarida Correia Neves, professora da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho e investigadora de Imunologia no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde, durante um jogo-debate sobre xenotransplante, ou seja, transplante de órgão de animais para seres humanos. Segundo aquela investigadora, actualmente "já se faz em qualquer lado" o transplante para pessoas de pequenas partes de órgãos de animais, como válvulas cardíacas ou vasos sanguíneos, sobretudo do porco mas também, em alguns casos, da vaca.

No entanto, ainda não se conseguiu o transplante, com êxito, de um órgão inteiro, apesar de alguns ensaios já efectuados. "Num dos casos, o receptor aceitou o fígado de um primata, a cirurgia correu bem, mas a pessoa acabou por morrer de infecções", referiu Margarida Neves. O problema, explicou, é que para se fazer um xenotransplante "é necessário reduzir muito a resposta imunitária" do receptor, que assim fica muito mais vulnerável e mais sujeito a contrair infecções. "Há muito trabalho ainda a fazer para se conseguir efectuar um xenotransplante com segurança", frisou.

Disse que, sobre este assunto, há as mais díspares teses, havendo alguns investigadores que são "extremamente optimistas" e que acreditam que será possível fazer um xenotransplante brevemente, enquanto que outros garantem que ainda haverá 20 ou 30 anos pela frente "até lá chegar". O xenotransplante poderá dar uma ajuda no combate às listas de espera, mas Margarida Correia Neves acredita que as pessoas só o usarão em último recurso, até porque hoje em dia há cada vez mais "correcções artificiais" em materiais sintéticos, nomeadamente corações. "Se perguntar a uma pessoa se prefere o coração de um porco ou um coração artificial em material sintético, a resposta parece óbvia. As pessoas têm medo do xenotransplante e com razão, porque é menos seguro e exige uma redução muito maior da resposta imunitária", referiu. "Há vários vírus que entraram na população humana que vêm dos animais, como é claramente o caso do vírus da ébola. O próprio vírus da Sida é muito discutível se veio ou não dos animais", lembrou.

Reconheceu ainda haver uma "relutância natural" das pessoas em receber órgãos de animais, da mesma forma que há 30 anos "a fertilização 'in vitro' era vista como uma coisa horrorosa, a gente achava que ia nascer um Frankenstein. Hoje em dia, conhece alguém que ainda tenha medo?", questionou. Por isso, defendeu que as investigações na área do xenotransplante devem prosseguir e manifestou-se convicta de que a ciência acabará por encontrar cada vez melhores resposta, a exemplo do que aconteceu com os avanços no tratamento do cancro da mama e da SIDA.

Margarida Correia Neves não fugiu às questões de ética animal que o xenotransplante poderá levantar, mas criticou aqueles que por um lado acham que não se deve usar para investigações que podem salvar uma vida, e por outro comem ovos ou carne de produção industrial. "A questão é saber se o homem é ou não um ser superior e tem ou não direito a usar animais. Se aceitarmos que tem, acho muito mais nobre usar animais para investigação, para conseguir vacinas novas, medicamentos novos, órgãos novos e salvar uma vida, do que usá-los para produção industrial de carne, que não é essencial à vida", rematou.


Texto adaptado da Agência LUSA

Hematófagos ajudam na recolha de amostras sanguíneas


Novamente, apresentamos um artigo que evidencia as relações entre a biodiversidade, que têm impactes positivos no ser humano ou noutros seres. Desta feita, é o uso de hematófagos, seres que se alimentam do sangue de animais, tendo a vista a recolha de sangue, por exemplo. O uso de sanguessugas para recuperar tecidos orgânicos ou a circulação em vias sanguíneas constrictas já era conhecido, mas recentemente tem sido utilizado um específico tipo de insecto, que funciona tal e qual uma seringa, sendo que o seu modo de funcionamento é mais discreto, já que enzimas libertadas durante a mordida, actuam como analgésico, permitindo que a dor sentida pelo ser em causa seja diminuta. Esta medida tem sido implementada, nomeadamente, em zoos, onde a recolha convencional de sangue dos animais é considerado um procedimento complicado.

Using animals to assist with human medical procedures is nothing new. Leeches can help heal skin grafts by restoring circulation in blocked veins and removing pooled blood under new grafts. Maggots will clean a wound by eating only the dead tissue, thereby aiding in preventing infection. Now, an insect commonly known as the kissing bug is being put to work in zoos in Germany and England as a living syringe.

Collecting blood samples from zoo animals can prove to be a difficult task, often requiring sedation. Small animals are especially tricky because finding a vein from which to draw blood can be nearly impossible. The kissing bug solves those problems—it's any one of 130 species of small, blood-sucking insects belonging to the sub-family Triatominae. Like most blood-suckers, the kissing bug releases a painreducing enzyme when it bites, effectively anesthetizing the area at the same time as the bite. The bug is at the center of a pilot project in two zoos in the UK under the umbrella of a study which originated in Germany. The insects are bred in a sterile lab, then put against an animal's hide under a container in which they are caught when they have finished feeding. They are ultimately killed to collect the blood samples. The technique is so far proving to be a welcome non-invasive alternative.

Texto retirado de BBC.com

Pulmões de porcos geneticamente modificados abrem lugar a xenotransplantes

Sendo a falta de órgãos viáveis um dos grande problemas da Medicina actual, a possibilidade de criação de novos pulmões, compatíveis com o organismo humano, é encarada como extremamente positiva. Embora o porco seja anatomicamente similar ao ser humano, o modo de funcionamento dos seus órgãos difere em alguns aspectos, o que implica a não compatibilidade dos mesmo, nomeadamente a nível pulmonar. No entanto, investigadores australianos parecem ter conseguido contrariar esse obstáculo imposto pelas leis naturais ao recriar, em ambiente laboratorial, o processo de oxigenação sanguínea que ocorre nos humanos em pulmões de porcos geneticamente modificados. Em baixo, poderemos ver uma parte do artigo que nos elucidará melhor acerca de tal procedimento.

With the world facing an organ shortage so serious that the majority of potential transplant recipients die while on waiting lists, doctors have looked to similarly sized animal organs as a potential alternative to human donations. Unfortunately, the human body swiftly rejects animal organs. Animal lungs have proven especially problematic, as they stop functioning as soon as they com in contact with human blood.

Now, researchers at Alfred Hospital in Melbourne, Australia, have used genetically modified pig lungs to successfully pump human blood. Since pig organs are essentially the same size and shape as human organs, this advance could drastically increase the number of lungs available for transplant.

The lungs themselves were created at St. Vincent's Hospital, also in Melbourne. There, doctors removed DNA, known as the Gal gene, known to hinder inter-species compatibility. At Alfred Hospital, the doctors hooked the lungs up to artificial breathing machines, and watched as deoxygenated human blood pumped through the pig lungs, and came out oxygen rich on the other end.

However, even though this advance represents a series leap forward, the scientists themselves to expect to begin clinical trials of the new technique for at least another five to ten years.


Texto retirado de AFP

Peixes-médicos


Na Turquia foi criada uma piscina ao ar livre com peixes que se alimentam da pele de doentes com psoríase. O peixe consome apenas a pele morta ou afectada pela doença, deixando a pele saudável crescer normalmente. Ainda que este tratamento não cure a doença, apenas aliviando temporariamente os sintomas, os doentes repetem periodicamente os tratamentos. Registaram-se casos de cura completa da psoríase após alguns tratamentos, mas devido à natureza imprevisível da doença, fortemente influenciada por factores endógenos, a cura pode surgir, mas não é provável.

A espécie tem habitat nas bacias dos rios das áreas setentrionais e centrais do Médio Oriente, nomeadamente os rios Jordão, Orontes, Tigre e Eufrates. Também em rios e lagoas da Turquia e norte da Síria. A sua exploração comercial é protegida por lei na Turquia, devido a recear-se uma captura excessiva para exportação. Os Garra rufa podem ser criados num aquário doméstico; ainda que não seja um peixe para principiantes, é bastante robusto. Para tratamento de doenças de pele, as espécimes de aquário não serão as mais adequadas, pois o seu comportamento de se alimentarem de pele manifesta-se apenas em condições de alimentação escassa e irregular.

Implante de células animais em humanos é aprovado pela primeira vez


Pela primeira vez, um xenotransplante foi aprovado: o implante de células animais para o corpo humano. Autoridades russas consentiram o tratamento no país, realizado em pacientes de diabetes tipo 1.

A diabetes tipo 1 ocorre quando as células produtoras de insulina do pâncreas são destruídas. Sendo assim, as pessoas que sofrem da condição têm que injectar insulina em sua corrente sanguínea para regular seus níveis de glicose. Isso pode causar oscilações de açúcar no sangue, que por sua vez podem levar a outras complicações. O xenotransplante russo envolve a inserção de células produtoras de insulina de porcos, revestidas com uma capa protectora, no pâncreas humano, a fim de substituir as células nativas esgotadas lá.

O tratamento reduz a necessidade de injecções de insulina. A camada protetora de algas marinhas evita que o sistema imunológico do paciente ataque as células animais “estrangeiras”. Apesar de ser aprovado na Rússia, o tratamento foi desenvolvido pela Living Cell Technologies, na Nova Zelândia. Nos testes realizados até agora, o tratamento se saiu razoavelmente bem. Seis dos oito pacientes diabéticos apresentaram melhora e foram capazes de reduzir as suas injeções diárias de insulina. Dois deles absolutamente não precisaram mais de injecções.

Xenotransplantes: evolução


O pensamento de combinar diferentes partes de diferentes espécies não é de todo novo. Há mais de 3.000 anos, lendas gregas já falavam de centauros - criaturas que eram metade homem e metade cavalo - e a quimera, uma combinação de leão, serpente e cabra.

Mas foi só no inicio do século 20, em 1905, que um cirurgião de origem francesa inseriu tecido de rim de coelho numa criança que sofria de problemas renais - "os resultados imediatos foram excelentes".- disse ele. Contudo a criança morreu duas semanas mais tarde. Durante as duas décadas seguintes vários médicos tentaram transplantar órgãos de diferentes animais, como por exemplo porcos, macacos e carneiros, em vários pacientes. Todas estas cirurgias falharam, por razões que ao longo do tempo a ciência foi construindo como se de um puzzle se tratasse.

Durante a década de 1960, médicos investigadores continuaram a investigar a razão pela qual o transplante entre diferentes espécies falhava tão rapidamente. Eles descobriram que a causa principal é o sistema imunitário dos receptores que rejeitava o tecido doado, ou seja, os anticorpos do receptor que reagem contra as infecções reagem também contra os órgãos ou tecidos transplantados. A rejeição do tecido estranho, a qual começa minutos ou algumas horas após a cirurgia, destrói os capilares dos órgãos transplantados, provocando hemorragias. Apesar disto representar uma barreira para os xenotransplantes, recentes descobertas indicam que os cientistas estão bem encaminhados para ultrapassá-la.



Em 1992 David J. G. White e alguns dos seus colegas da Universidades de Cambrigde envolveram-se na criação de porcos transgénicos, introduzindo nos embriões dos porcos um gene humano específico. Com isto tentaram que as respostas imunológicas ao transplante não fossem tão intensas. White e os seus colegas ainda não testaram como o tecido desses porcos se comportará no hospedeiro humano, mas já o fizeram nos macacos onde esses órgãos geneticamente modificados têm funcionado bem por um período de dois meses.

Outra maneira de evitar a rejeição, será alterar o sistema imunitário do receptor de forma a ele não poder destruir o tecido transplantado.

O processo de xenotransplante continua em constante desenvolvimento e ainda tem um longo caminho a percorrer até atingir resultados satisfatórios.

Xenotransplantes e Alotransplantes



Xenotransplante é a denominação dada ao transplante de orgãos entre diferentes espécies. A barreira que define a espécie vai até onde a reprodução é possível. Por exemplo, um cão e um porco não podem acasalar e dar origem, com sucesso, a descendentes. Como tal, eles pertencem a diferentes espécies. O transplante de um para o outro é denominado de xenotransplante. Ao transplante entre dois membros, embora geneticamente distintos, pertencentes à mesma espécie chama-se alotransplante. Nos humanos o alotransplante apresenta um papel clínico muito importante, principalmente envolvendo orgãos como rins, coração, medula ossea e figado. Os alotransplantes trouxeram benefícios significativos aos doentes quer pelo aumento da esperança de vida, quer pelo melhoramento da mesma. Na verdade, o sucesso foi tal que provocou um fosso entre a procura da transplantação e a escassez de orgãos e tecidos humanos. Então muitas iniciativas do tipo: campanhas publicitárias, implementação de protocolos nos hospitais, programas de formação para o público e profissionais foram implantadas com a intenção de diminuir esse fosso. Mas isto, não foi suficiente para aumentar o numero de doadores. Pois, à medida que o sucesso dos programas ia aumentando, maior era a procura. Nos Estados Unidos, em 1994, 18.720 transplantes foram realizados. Em 24 de Janeiro de 1996, a lista de espera para o transplante de orgãos continha 44.010 registos dos quais 31,051 deles era para o transplante de rins. Obviamente essa disponibilidade não existia havendo pouco mais do que 20.000 orgãos. Infelizmente, todos nós sabemos que a procura de transplantes está constantemente a aumentar, e a oferta a diminuir, sendo o período médio de espera por determinados orgãos de alguns anos. Assim, existe um grande interesse em descobrir caminhos alternativos para satisfazer a escassez de orgãos. Aparelhos mecânicos como corações a baterias fizeram grandes avanços nos últimos anos e é esperado que desenvolvam ainda mais no futuro. No entanto, estes aparelhos são propensos a problemas associados a altos riscos de infecção e coagulação de sangue, sendo também considerados incapazes de substituir alguns orgãos humanos como o fígado que tem funções bioquímicas complexas. As técnicas de engenharia de tecidos, onde células vivas são usadas para produzir orgãos e tecidos substitutos, são muito promissoras, mas encontram-se numa fase muito precoce de desenvolvimento. A pele pode hoje ser substituida por esses métodos, mas o desenvolvimento de válvulas de coração e de orgãos funcionais por bioengenharia, é algo muito longínquo. O xenotransplante é uma opção alternativa para reduzir a escassez de orgãos e tecidos humanos. Contudo o xenotransplante trouxe muitos problemas éticos, clínicos e legais.

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